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domingo, 18 de abril de 2010

depois de quase um mês

hoje voltei ao meu café arrefecido
Estava frio quando o provei. 
Acordei  e resolvi ir a Alcochete, ao chegar, voltei a apaixonar-me outra vez. Pelo cheiro, pela luz. 
Quero voltar para lá, talvez sozinha ....mas voltarei.
 Regresso a casa com um nó no estômago e com a sensação de anos esbatidos no tempo , chego sento-me e choro, não sei porque choro ...já nem sei porque o faço .
Não sei viver sem esperança e por isso espero por coisa nenhuma .
Na esplanada onde me sentei , vi as gaivotas que há tanto tempo me tinham deixado. Vi o outro lado do rio, sem luzes...era de dia .
Senti o quanto fui feliz ali, sozinha.
 Quando estive sozinha em Alcochete era feliz, senti isso hoje depois de tantos anos.
Parecia que a terra falava comigo, parecia que as pessoas que me olhavam e sorriam ...me chamavam outra vez 
Senti , o que não sabia que sentiria ao lá voltar.
Decido ir...nem sei quando, nem como ...mas decido , e sei que irei ....sozinha ... sei que irei sozinha. 
Aquela luz toda , à minha volta, chamou-me e disse-me:
Volta, vem continuar a ser feliz aqui, está tudo como deixaste há seis anos , sou a mesma luz, aquela que te fazia rodopiar:)
Sou o mesmo rio. Por aqui talvez possas falar com a Lua.
Decidi que tinha que decidir. 
Vou.... vem comigo se quiseres, se puderes.... 
Se não vieres, saberás que estarei por ali...um dia 


porque te amo, porque deixaste que te amasse , sem saberes se farias o mesmo...
 e o meu amor não morre assim....
 não o sei matar .... ensina-me como se faz... 


quinta-feira, 25 de março de 2010

hoje foi um dia em que não acordei , não quis acordar sem esperança.





Hoje não acordo, simplesmente me deixei ficar. 
Depois de pensar , ler e reler o ridículo mail que recebi...resolvi ir ao dicionário e encontrar as várias definições e divagações para a palavra assédio , arrepiei-me com todas .
E mais arrepiada fiquei com a enorme cobardia de receber um mail assim.. tu sabes do que falo . 
Hoje depois de não acordar, deixei de te acreditar. 
Já não és o que eu sonhei, não podes ser ... 
Quem me diz coisas assim , não será nunca quem um dia poderá revolver as tais ervas altas que encontro no caminho ... e enganada andei, tentando disfarçar a dor , consulando-me com um novo querer, acreditando que podia sentir outra vez  sem medo de nada. 
E bastou isso, tão só isso , para que tantas histórias antigas me voltassem a bater nas paredes já endurecidas do meu coração .
De tanto que se passou , lembro-me que aquele magoar era suave e lento, entrou dentro de toda a minha pele, ao mesmo tempo que dava lugar à passagem da ternura. 
Foi um viver estranho, foi um sentimento inigualável . 
E estranhamente , depois de me sentir tão mal com o que li, depois de tanto me desiludir, com umas palavras num mail que parecia fabricado para dar a ler a terceiros.
 Penso em manipulação, penso em quem tem que salvar a sua pele. Se calhar erradamente , se calhar ...
Mais uma vez vou buscar a liberdade aqui para ao pé de mim,  tento adormecer abraçada a ela. 
Quase que me conformo, mas só quase, porque nunca me irei conformar com a injustiça de ninguém .
E sim, é claro que foste , há muito tempo que o  era,s duma enorme e dolorosa  injustiça.
 Terá perdão? claro que sim, quem se conforma ou finge perdoar, só na experança de se conformar . 
Quem tolera e quer conseguir acreditar, perdoa porque não julga ... 
Tem sempre perdão, curiosamente , sempre se perdoa.
Uma vez fui quase até aos limite do perdão , estive quase lá, do outro lado era só um abismo negro. 
Uma vez percebi que tanta gente prefere a sua solidão interior, do que dar o que tiver que ser.
Não penso que seja dotada duma compreensão extrema, porque extremos não há. Ou se compreende ou não. 
Quando não percebo , grito! 
Quero que me expliquem.
 Só ficarei em Paz assim.
E quase nunca ninguém me explica nada.
Tu , acabas por ser mais um inexplicado na minha vida,  que me prega estas partidas sem eu entender porquê, não sei o que a vida quer de mim...
Não sei o que quer que lhe prove mais, não sei porque me puxa até aos meus limites. 
Quer saber o quê? faz experiências mirabolantes comigo, só pode estar a experimentar qualquer coisa.
Hoje , sem acordar, acordo sem rancor, sem fúria , sem nada... abro os meus olhos profundamente triste . 
Penso nos rótulos, nos nomes que todos têm que dar sempre a tudo, para se sentirem melhor, será que se sentem melhor depois disso.... não sei ..pergunto-me o que leva alguém a deitar tudo a perder ...
Fraqueza extrema . 
Compreensão renegada , e temerosa. 
Os fracos não gostam de ser compreendidos, rapidamente assumem atitudes agressivas, geralmente por palavras escritas, com medo deles próprios. 
Olho para a almofada que aqui está e falo com ela, pergunto-lhe se me sabe explicar o porquê do medo... e ela que não diz nada, acaba por me dizer tudo com o silêncio.
Hoje vivo aqui, sozinha. Pensei até que sofria de solidão, mas a solidão não é isto...porque eu estou cheia de tanta coisa, porque consigo encontrar dentro de mim motivos para continuar a a pensar.
 E pensar cansa, mas faz-nos viver acompanhados.
Mesmo sozinha, vivo acompanhada por pensamentos e perguntas para as quais busco resposta .
A gente normal, formatada, inócua e adormecida , nada me diz. 
Por isso me apaixono assim, por quem tem mais alguma coisa, que mesmo escondendo-a de si mesmo, a  demonstra sem querer. 
Acabarei por fcar só, porque ninguém, nunca me conseguirá "aturar" nas minhas questões.
E relendo-te em mails mais antigos, sorrio com a tua admiração pelas minhas verdades .
Sorrio, não sei o que causo, não sei...não encontro resposta para isso. 
Não encontrei antes...não encontrei em ti... provavelmente não encontrarei em ninguém....
Escrevo coisas e mais coisas...comento, falo , escrevo ... 
Sinto mais depressa do que o que escrevo e por vezes sai tudo atabalhoado. As ideias parecem baralhadas nas teclas, e o pensamento escorre como uma cascata de água branca ...depois fica tudo em espuma.
Li e reli, nunca ninguém me tinha dito tantas vezes que me amava...terá sido o que me encantou...terá sido? 
E porque me encantam....com palavras e me degolam , a seguir, com outras ?? Com a mesma força... com crueldade...
Nunca perceberei o porquê. Nunca .
E acaba por ser só essa a minha dor...a dúvida. a incomprrensão de tudo 
Ficarei abraçada à minha solidão, acariciando-a , sei que ela nunca me deixará nem nunca me dirá nada do que já ouvi. Sei que nunca me vai  golpear  com naifas afiadas 


hoje foi um dia em que não acordei , não quis acordar sem esperança.


sábado, 20 de março de 2010

Hoje é o dia depois de vários dias de silêncio

Hoje é o dia depois de vários dias de silêncio

Hoje é mais um, mais um em que me perco fingindo que me encontro 
Acordo, almoço com os meus pais e levo a minha mãe a cinema , ao Londres, a minha mãe só gosta de ir ao Londres. 
:) lembraste do Londres? mesmo ao pé da tua casa ... e do Star , onde eu vi "Les uns est les outres" e me fartei de chorar.
Vimos uma comédia americana daquelas que fazem rir e nos contam uma historieta que nem eu sei se poderia ser vivida. 
Ri-me, não foi mau de todo.
A minha mãe já não consegue descer as escadas sem se agarrar ao corrimão.

Já não me ria há tanto tempo, e sabes... eu sempre gostei de rir, de dar gargalhadas por tudo e por nada. E lembro-me do que já te contei uma vez: 
quando o azeitoninhas era muito pequenino ...dizia-me :
- mãe, nunca deixes de me fazer rir . 
E ainda hoje tento, e mesmo tão longe de mim, aqui pela máquina que nos separa , todos os dias lhe digo coisas que o fazem rir. Cumpro o que lhe prometi , nunca deixeirei de o fazer rir.
Sente-me triste, e eu disfarço com piadas que tantas vezes me saem assim com sabor a nada.
Hoje , depois de te mandar mensagens sem resposta, aqui fico, pensando porque não me respondes. 
Será que quero demais , quando o meu demais é tão pouco. 
Senti-me ridícula, e quem não se sentiria assim, depois de tudo aquilo que aconteceu . 
Não sei olhar para a frente, simplesmente desaprendi como se olha, não sei encontrar figuras onde já vi tudo definido. 
Não sei , não vejo, não encontro nada.
Construí miragens na minha cabeça. 
Imaginei casas assim e assado, sofás onde nos podiamos sentar em silêncio, porque o silêncio até podia ser nosso amigo. 
Sim, também imaginei mini dispensas transformadas em roupeiros, imaginei estantes onde não havia espaço para as por, pensando com força eu teria  encaixado tudo, só para que tudo fosse verdade.
Aqui fico, a esta hora, sentada no sofá que conhecesses, pensando que a qualquer momento, posso sentir uma chave a rodar na fechadura. 
Só porque imagino...e só porque não sei, nem nunca soube,  interpretar o silêncio... e tantas definições encontro para ele ....silêncio que fala, que não fala, que grita, que ignora ...demasiado silêncio.
E eu que sempre gostei de tanto ruído bom , por todo o lado. 
Não te vejo há muito tempo, nem sei como estás, nem sei que luz te sairá dos olhos , nem sei o tacto das tuas mãos , não sei... nem sei se saberei...simplesmente nada sei, só porque não sei o que o silêncio me quer dizer .
E de olhos abertos durmo acordada pensando que alguma coisa vai soar, que o silêncio não pode ser eterno, e que se for eu continuarei sem saber o que fazer com ele .
Não suporto finais sabias... imagina ... não suporto
eu nunca leio os livros até ao fim sempre foi assim , só porque não me interessa como acabam 
não me interessa o final das histórias. 
E mesmo aquele que um dia escrevi, deixei sem final ...quem quiser que o acabe um dia.
Dizia-te que não podias, não podias entrar em mim...desarrumar tudo... e voltar a sair , em silêncio, devagarinho com pezinhos de lâ , assim como quem sai de mansinho para não ser ouvido por ninguém 
Eu parto-me aos bocados, e de forte tenho algo, de frágil desfaço-me sem ninguém ver só porque não o posso mostrar a ninguém .
Sabes, a vida fica sem sentido se não consegues partilhar o que te faz feliz.... as amarguras o sofrimento, a dor e a desilusão , até conseguimos não compartir com ninguém ... mas o que nos deixa feliz, mesmo as mais pequenas coisas , ´é tão difícil não partilhar. 
É impossível não partilhar a felicidade, mesmo nem sabendo o que isso é. 
Meu amor ( ainda te posso chamar assim? ) , hoje foi só um dia de mais silêncio. Não sei o que quer dizer. 
Não o conheço, e tal como da solidão, eu tenho medo do silêncio .
Instala-se dentro de mim, alimenta a tal solidão que há tanto se baloiça por aqui.
Decido que não sou um fantasma. Decido que existo.
Penso que todas as atitudes têm uma sequência , seja ela qual for.
E agora depois de teres entrado por aqui dentro, depois de teres dito tudo o que me disseste , não podes não existir ...não podes. E eu não sou um fantasma. 
Sou só diferente, e ao contrário de tanta gente.... eu apavorada, não tenho medo de ser ... não tenho medo de dizer 
Não tenho medo de dizer que te amo, só porque nada do que senti, e sinto, é mentira .
E de mentiras não conforto a minha vida. 
Não aprendi assim .
Nem sei se me queres para alguma coisa, já não sei se me queres, já nem sei se alguma vez quiseste o que quer que seja de mim... não sei se só pensaste, não sei se só desejaste sabendo que nada podias ter... mas repara, eu vivo sabias? 
eu sinto... não sou uma árvore que morra de pé.
E hoje quando acordei, pensei que poderia viver assim, sem ti, sem ninguém ...só comigo ... 
Provavelmente terá que ser assim, e eu tenho medo , tanto que prefiro pensar que está tudo ali guardado numa gaveta, que qualquer dia a gaveta se abre sozinha ... e me faz companhia.
Olhei-me ao espelho, emagreci... 
Olhei-me ao espelho .... e pensei que costumava ser fácil deitar o meu coração ao alto... costumava ser fácil viver pensando em amores que não foram... costumava ser fácil, arranjar amores fáceis ... costumava ser fácil não ter que dizer que amava ...
Há muito que não é assim.
E foram tão poucas as vezes em que disse que amava alguém , talvez porque guarde a palavra comigo, talvez por tantas vezes não ser verdade , eu não a dizia.
Quando o disse, e sempre que o disse a alguém saaíu-me assim daqui de dentro dum sítio qualquer, sem pedir licença... sem nada , s´o o disse ...assim. Amo-te. :)
Tal como to disse a ti , já tantas vezes nesta nossa curta, recente e adiada existência .
Olhei-me ao espelho... e senti-me humilhada por mim mesma, sensação conhecida. Guardada para sempre, voltou a aparecer 
E humilhada, é uma mistura de vergonha, desilusão, querer e não poder, impotência , e obstinação e traição .
Senti-me assim esta misturada ...
Só porque é preferível uma verdade arrasadora , do que uma mentira piedosa ... qualquer coisa assim que se diz por aí...
Meu amor , sou eu , sou só eu ... estilhaço-me tal e qual as ampulhetas, só porque não sei ser forte, só porque não me sei agarrar ao meu egoísmo .... e deitar tudo para trás das costas .... só porque me preocupas 
Só porque me preocupo, só porque não suporto ver ninguém sofrer , só porque estupidamente , prefiro tomar as dores de todos dentro de mim... porque ninguém merece que a vida não lhe traga felicidade, só porque ....sou eu 
Olhei a foto de há muitos anos, olhei o meu olhar ... eu sofria naquela altura sabias? tanto... que ninguém pode imaginar , preocupava-me com todos , queria que todos conseguissem tudo , deixava-me para trás , com aquele ar imperturbável ..
Nessa altura, eu não dormia enquanto não estivessem todos em casa . 
Posso dizer que te amo ? 
E porque te amo, sentindo que e apesar do silêncio te ainda me amarás .... não me posso sentir traída. 
Hoje o dia foi assim , todo misturado em mim.

hojé é o dia em que me prometo amar-te ao som desta musica que oiço 



e hoje decido que a música , nunca mais se vai afastar da minha vida 

sábado, 13 de março de 2010

hoje foi só mais um sábado

o dia depois de alguns dias quase a hibernar

Começo o dia pelo fim, estou aqui a esta hora, passa muito da hora em que já deveria estar a dormir.
Não sossego quando durmo, e por isso descanso cansada. Descanso, e falo com ninguém.
Publico a história de Alice no outro blogue, reescrevo...estava mal escrita, e eu cheia de pressa deixei que a mostrassem mal. 

Não sabia que conseguia chorar a ouvir o Abrunhosa....

Hoje o dia foi só mais um , mais um em que me conformo. 
Todo o dia pensei que não sei amar ninguém , durante todo o meu dia , disfarçei-me ouvindo em directo o Congresso do PPD, imagina!!! não podia arranjar um unto melhor para a alma. Bizarro, no mínimo.
E o dia foi só isso, enquanto ouvia discursos disparatados... afugentava os meus fantasmas com agulhas de tricot, e quase sempre calada , fiz quase um casaco inteiro.
Não encontrei dentro de mim nada que me dissesse o porquê...de mim..., talvez nem eu me conheça, não sei porque sofro a perca. 
Há tanta gente que não sofre nada !!
Não sei porque me insisto em ser assim, nem sei porque acredito tanto , nem sei porque o faço. 
Não sei porque me entrego sempre de alma e coração.... mesmo quando não sei se alma e coração haverá em  quem me entrego...
Pensei em ti, pensei em nós e nos sonhos.
Proibi-me de sonhar mais!
Quando sei que sem sonhor não saberei viver, mesmo que o sonho seja quase nada. 
Proibi-me até de pensar, desejei vejetar... não sei viver devagarinho, e nada nem ninguém me acompanha neste meu andar.
Os meus caminhos são cheios de ervas altas, nunca vejo o trilho, nunca vejo o final de nada. 
Caminho quase sem ver, só por intuição, consigo chegar às etapas onde me dizem que tenho que parar.
Ninguém caminha num caminho assim, eu nunca encontro ninguém...
Por vezes, e durante muito pouco tempo, alguém me aparece e me diz que vai andar por ali comigo.
Hoje sei que nunca ninguém vai pisar os mesmos ramos que eu, que ninguém vai querer caminhar sem sítio para se sentar.... hoje sei que sim.
E quem me segura na mão, e comigo dá dois passos devagarinho, rápidamente me larga... e tantas vezes sem me conseguir dizer nada...
Não sei se sei escolher o caminho. 
Sei que terei que andar por ali sozinha, e que sozinho ninguém sabe caminhar.... 
Não sei se voltarei a andar por ali... não sei por onde voltar a andar...
Decido não querer que me segurem na mão. 
Porque depois de aquecidas por alguém, as minhas mãos gelam e ficam retorcidas, entrelaçam-se em si mesmas e ganham uma vida que eu não controlo... 
As minhas mãos não gostam das reticências da minha vida, não gostam que as segurem  e que depois as deixem sozinhas.
As minhas mãos partem-se quando se entrelaçam entre si. 
Não sei como seguir este caminho, se não sei guardar as mãos dentro dos bolsos que não tenho. 
Os meus olhos ardem-me, desejando poder ser olhar de qualquer coisa, os meus olhos acabam sempre por não ver nada. 
Por vezes ficam assim muito abertos, querendo ver tudo duma vez. 
Algumas vezes alguém os beija, mas o tempo é breve... e eles lacrimejam mesmo sem quererem, e depois, depois... ardem-me dias a fio....os meus olhos avizam-me que não podem morrer salgados.
A minha boca fica seca, não tenho água que se beba neste caminho que escolho, não sei escolher os caminhos. 
Neste caminho sem água, a sede aperta-me o coração, a boca seca-me e pede-me que não vá por ali. Ali não haverá água, nem ninguém que a possa alimentar num beijo.
Por vezes, aparecem-me beijos longos, mas sempre tão fugazes... que a minha boca protesta e cerra os lábios com força, pedindo-me assim para que não a abra, para que não a alimente de beijos que acabam sempre por não ser nada....assim a minha boca não se alimenta. 
Fecha-se e já nem sorri.
Não tenho asas, se as tivesse voaria por cima deste caminho, e não teria que pisar ramagens verdes que tão depressa se transformam em troncos secos. 
Se as tivesse não fustigava as minhas mão, daria de beber à minha boca, e secaria os meus olhos inundados em sal. 
Mas não tenho meu amor... e não sei voar.
Se não caminhásse por ali sozinha, alguém me pegaria ao colo para não me cansar as pernas; algué me beijaria sempre que a minha boca o pedisse, alguém enxugava os meus olhos com beijos, bebendo o sal que os queima. 
Alguém me pegaria nas minhas mãos, e as aquecia sempre que tivessem frio, nunca deixando os meus dedos retorcidos....
Se alguém um dia, caminhasse comigo, neste meu caminho eu chegaria ao fim...mesmo sem ver o final, mesmo sem saber as paragens que teria que fazer.... alguém se sentaria comigo no chão, sempre que eu estivesse cansada.
Meu amor...se alguém confiásse em mim, trilhava este meu caminho , sem medo de cair.

E hoje o meu dia foi isto...pensei isto.
Pensei que não sei caminhar sozinha.
E hoje...já não sei que caminho escolher...ou se haverá ainda algum caminho por onde  possa andar...
Hoje sou eu que não encontro o meu caminho.
Hoje nem a minha Lua me aparece 


Talvez um dia...eu possa ser o olhar de alguém :)



































 










quarta-feira, 10 de março de 2010

acordei cansada de conseguir acordar.

O dia em que pensei que o amor se tem que tratar, como se trata um bebé.


Acordei cansada de dormir, acordei cansada de conseguir acordar.
Acordei cansada , deixei.me ficar
Ligas-te , com uma voz acordada e disseste-me para acordar.
Já ontem me tinhas dito para não me esqueçer de viver!
Hoje apeteceu-me não viver o meu costume, e sem me aperceber, fiz tudo aquilo que costumo fazer. 
Talvez com medo do que não conheço, tal como as crianças, encontro conforto em histórias repetidas adivinhando o final .
Não quero que a nossa história termine sem final nenhum, não quero que não começe. 
Disse-te que sim, que Upa! que iria sair de casa, que iria trabalhar ... 
Sentei-me na cama, depois de ter vasculhado toda a casa à procura dum isqueiro. 
E tu, gafanhoto, sempre com tantas coisas para fazer, tantas... e tão distantes de mim.
Adormeci e sonhei sonhos que me lembro de não gostar, não sei como eram , mas enxarcaram-me a cabeça em dor. 
Não comi, saí para a rua, andei de carro .
Levei um filme alugado ao clube de video , entrei em lojas para não compar nada.
Mando-te uma sms a dizer que ando ás voltas, a dizer que penso na vida. 
Queria dizer-te o quanto estava preocupada contigo. Não o disse para não te preocupar.
Estás tão longe, sinto-te longe, é normal ... não estás bem 
E transformamos estúpidamente, a felicidade em dor. Parece fado. Parece lamúria repetitiva. 
Eu não posso ser tu. Isso eu não consigo.
Partiste há uns tempos atrás, partiste e não voltaste mais... não te voam as asas. 
Perco-te no meu pensar constante, a dúvida constante, passeia sem eu querer à minha volta.
Em tudo isto pensei, durante as minhas voltas pensadoras.
Chego a casa e escrevo. Penso que sei escrever mas não sei.
Tal como me dizia ontem o "azeitoninhas":
- mãe tu sabes lá o trabalho que dá escrever!...
Eu sei lá---- não sei mesmo, a mim não me dá trabalho nenhum .
Meu amor ( deixa-me tratar-te assim), perco-te na minha cabeça, só porque não entendo a tua falta de urgência.
Não entendo os ritmos , não acompanho os compassos de espera , meço tudo por mim ...é só por isso.
Fazendo sopa, ali na mini cozinha, penso que não alimentamos o nosso amor. Podia ser com sopa de legumes, podia ser com ovos e espinafres. 
Podiamos comer os dois,  com amor. 
Matavamos dois coelhos duma só vez , alimentavas-te a ti e ...a nós .
O nosso nós tem sede. E dei de beber ao meu pai que me visitou pela noitinha,  bebeu da garrafa que ali está paar ele. Eu nunca bebo nada sozinha, não me dá jeito . E assim, o líquido das garrafas permanece no mesmo nível dias a fio. 
Se aqui estivesses, bebíamos a água com piquinhos que comprei muito antes de ir para Paris, continua ali, com o plástico que envolve as seis garrafas, e elas estão assim juntinhas , como nós não estamos.
Jantei a sopa que fiz.
E já depois da sopa, olho as imagens da televisão, que passa novelas umas atrás das outras.
Ouvi o presidente e não percebi nada do que ele disse, não percebo nada deste País, não percebo nada de novelas, não percebo nada de mim.... nem de ti. 
Nunca percebi nada do amor.
Mando-te uma sms pedindo para me ligares, respondes-me que vais sair, vais dar uma aula à noite.... 
e depoiis da noite começar, tu entras no mundo onde eu não posso entrar. 

E meu amor... é inevitável que encontre tantas semelhanças numa história arrefecida, não a quero requentar. 
Reescrevo a minha antiga história no outro blog, tanta gente a seguir...tanta gente a esperar saber o que se vai passar... e eu com medo de a tornar a viver....

Medo, e agora, avançada a hora. è sempre assim as horas da noite são poucas para mim...somos tão diferentes Quim , tão deliciosamente diferentes. 
Nesta avançada hora penso no medo, penso no que nos espreita, no medo presente em todos os actos, o medo que esfrega as mãos preparando-se para dar cabo de tudo.
Eu sinto-o, em ti.... em mim...
Sei que não estás nada bem , sei que não contas comigo, talvez por não estares habituado a ser importante para alguém . Sabes o que é o amor? 
Ninguém sabe...
eu também não sei... penso que mesmo não o conhecendo,  não o estamos a deixar viver. 
Como um bebé que nasce, e que por ser tão frágil, não sabemos o que fazer só para não o magoar. 
Só podemos alimentar os bebés quando nascem, só os podemos afagar no nosso colo, só podemos tentar que sorriam , só podemos agarrá-los para que sintam o nosso coração bater. Aos bebés fazemos assim, sem perceber nada deles.... choramos quando não sabemos o que lhes fazer... 
Lembro-me que foi assim com o azeitoninhas.
Ao amor, ou lá o que é isso, teremos que fazer o mesmo, abandonado não sobrevive. 
Morre um dia numa esquina qualquer, sem que ninguém dê por isso....
Amanhã é jantar de festa lá no escritório, lá vou eu apalhaçada.
E penso ...penso demais ... que depois de tudo e apesar de tudo, depois de todo o tempo passado, eu não sei ensinar o meu amor a ninguém . 
Posso dizer que te amo, assim devagarinho...?


e porque hoje estou assim 


































terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

o meu feliz é elevatório. sobe e desce . e ninguém percebe porquê

o dia antes do último dia em paris 

falavas comigo a correr, apanhavas o comboio que te levaria de volta ao Património da Humanidade. Ouvi-te a correr, como quem quer dizer tantas coisas em meia dúzia de palavras. gostei de te ouvir , mesmo sendo  a correr.
 Acordei com os pés inchados te tanto andar, caminho e caminho, pelas intermináveis avenidas de Paris. Bairros que se cruzam com bairros, um café em cada esquina, uma esplanada em cada volta , assim tal e qual como eu gosto.
 De tanto andar, incharam-me os pés, e hoje  não podia por o pé no chão. Resumindo, já não tenho idade para estas andanças.
Resolvi que não iria estragar o passeio a ninguém e fiquei por casa. 
Esta ainda é mais mini que a minha mini casa sacavenense, aquela que já imaginei um dia como nossa. Arrumei e lavei tudo , só não mudei tudo de lugar porque não havia lugar para mudar.
Limpezas feitas e pés inchados, sentei-me. Olhei pela janela, aqui a janela é muito grande, quase do tamanho da parede. Li os teus mails pequenos, tão pequenos e tão cheios de esperança. Sorri, porque não te morreu a esperança. Ao ler-te, senti a falta que me fazes. 
Quase não entendendo porquê.
Fumo vários cigarros.
Eles só chegam mais logo.Volto a ler tudo o que me escreves , tudo o que te escrevi. 
Enchem-se-me os olhos de lágrimas, e penso que deveria estar mais feliz que infeliz . 
Mas as lágrimas que caiem , não são lágrimas más, são só lágrimas que saltam do coração , fazem um caminho já trilhado ...
Faço figas com os dedos, espero que o almoço seja o que esperas; mais tarde dizes-me que foi o princípio de qualquer coisa.... 
E esperamos tanto.
Obrigo-me a não pensar no que poderia ser, e vou ao super mercado daqui desta terrinha. Uns arredores de Paris tão simpáticos como as suas casas de pedra, ruas estreitinhas, e uma praça que parece saída directamente do Alô Alô. Reparo nas pessoas, e fico sempre na expectativa que apareça o Renier de avental branco. 
Atravesso a estrada em dois tempos, de repente sinto que estou sozinha e longe, sensação que não me é estranha, e que imediatamente afasto cantarolando baixinho . 
No Casino, assim se chama o super mercado, perco-me na zona dos queijos e patés de canard e outras coisas assim, distraio-me com coisas que não me habituam. Compro o essencial . 
Vou fazer costeletas para o jantar, nas compras trouxe também um saleiro e um pimenteiro, um senhor de bigode e  uma senhora de pestanas compridas. Acho que vão gostar. 
Chego a casa, arrumo tudo, começo a preparar o jantar. Eles devem vir cansados. 
Esqueço-me da sobremesa, mas não volto para trás. 
Tento descansar os pés, e não consigo estar quieta . estendo uma roupa que está na máquina, num varão esquisito que está sempre a cair .
Liguei-te duas vezes, não respondeste, calculei que não poderias. Por vezes sinto-me a viver no meio do que há-de ser. Sinto intervalos nem sei de quê.
Inevitavelmente, sempre me tento concentrar em cada passo que dou .
Esta sala tem cortinas pretas, um tecido transparente mas preto, não entra a luz com a força que a luz deve ter . O preto torna-a cinzenta , e o dia lá fora está cinzento. Fecho as cortinas, tornando o quadrado em que estou mais acolhedor. 
Gosto de espaços acolhedores, confunde-me que não os queiram assim . À minha maneira, tento acolher este espacinho que o azeitoninhas partilha. Sei que não devo exagerar, não exagero .Sei que não devo julgar, não julgo.
Sentada, fazendo tempo para que cheguem com coisas para me contar, volto-me para trás no tempo. Revejo tudo, e sempre encontro coisas diferentes; razões;atitudes; alegrias; tristezas.
Invade-me uma ternura imensa depois de falar contigo, ternura e saudade. Obrigo-me e não fico triste.
Mesmo de pés inchados como um bizonte, mesmo com queimaduras feitas com meias dos chineses, que tu me disseste a correr que era das tintas que eles usam, mesmo com a cara salgada do trilho de lágrimas boas que se misturam com más, mesmo despenteada porque não tenho secador de cabelo, mesmo com esta cara que me vejo ao espelho, mesmo saudosa, mesmo longe, mesmo sozinha no meio de gente, mesmo baralhada de tanta coisa que vi, mesmo confundida de tantos sonhos acordada, sonhado em cada café de Paris, em cada um que me sentei ...mesmo isso tudo ... 
Obrigo-me a ser feliz, a cumprir o que mandas-te fazer, viver estes momentos todos, contente . Só porque não sei o que será o futuro, só porque me parece que tantos dias que aí vêm, serão mesmo como disseste , rotineiros e de espera . 
Só por isso, obrigo-me a ficar feliz.
E o meu feliz é elevatório. sobe e desce . e ninguém percebe porquê. 
Jantámos todos, tinha tudo feito quando chegaram . Comemos e rimos, o costume, porque felizmente nenhum deles tem um passado tão grande como o meu , porque todos eles se concentram no presente e nos seus imensos futuros.
 E eu,  libelinha, vou voando em pensamento, por aqui e por ali. Poiso e levanto . Fico triste e rio-me à gargalhada. Disfarço lágrimas de saudade com lágrimas de riso . 
Por momentos, no meio de todos eles, esqueço-me que não tarda nada estarei aí . E misturo alegria com receios. 
Já deitada , num colchão de ar que se vai esvaziando, não deixo de sorrir com esta analogia com o meu coração, porque o sinto tantas vezes assim...como um balão, ou um colchão de ar com um furinho minúsculo.
Sem sono, resolvi escrever este dia, já não escrevia desde que cheguei a Paris, ou mesmo antes.
Dois já dormem ali no outro colchão. 
O meu azeitoninhas está aqui na cama, ao meu lado , e joga um jogo no computador, quer ler o que escrevo e eu não deixo . Fumamos cigarros a meias às escuras , iluminados apenas com a luz que sai do ecrã . Somos sempre os últimos a adormecer nesta camarata. È de família só pode... 
Amanhã será o último dia em Paris, e como tal não temos programa. 
Amanhã vai ser só o dia antes do dia em que irei para casa, cheia de esperança, e com vontade de ter força para chegar a qualquer sítio no tempo que tiver que ser. E patino neste ringue de patinagem quase sem me equilibrar.
Fecho os olhos, oiço a tua apressada voz , e penso que o teu tempo um dia também será o meu .
Sei que não vou conseguir dormir, entretanto o meu colchão, esvazia -se à velocidade do meu coração .
Amanhã é o dia seguinte .

e penso ..tal como escrevi... que temos que entrar, nem que seja para depois sair 

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

o dia depois de te contar a minha verdade das mentiras

já não sei o número do dia que é... ( já não relato os dias , há não sei quantos dias...)

Hoje é só o dia antes de ir para Paris, o dia depois de te contar a minha verdade das mentiras 

Começo o dia com preguiça, começo quase sempre assim, só porque adoro dormir de manhã depois de acordar .
Penso em ir comprar um casaco quentinho para me proteger dos frios de Paris. Toca o telefone, a minha mãe, não atendo...volto-me na cama . 
Decido não comprar nenhum casaco e levar um do Azeitoninhas, que eu acho que ele nem sabe que tem ...depois deixo-o lá para ele . Compro um gorro castanho .
Almocei em casa dos meus pais, não comi quase nada. Uma carne que eu não gostava muito...umas batatas fritas à pressa.
Saí com a minha mãe , para não ir comprar o tal casaco. 
Andei à chuva na Av.da Igreja. Tomei café, no mesmo café onde me deste a mão e me beijaste por cima da mesa. Aquele , em que depois saíste para atender o telefone e parecias uma andarilho dum lado para o outro ... esse mesmo! 
Compro tabaco nas detestáveis máquinas , nunca sei o que escolher ( antigamente era bem mais fácil, era SGVentil e pronto! ) .
Entro na mesma loja de decoração que vende tudo ao desbarato ...desta vez compro uma espécie de pote de madeira pintado de vermelho, fica bem aqui na mini casa, não serve é rigorosamente para nada, mas....fica bem ....
As minhas voltas são tão iguais .
Reparo numas ridículas "mascaradas", já esborratadas pela chuva. Sabes eu não gosto do Carnaval. mesmo nada, nem gosto de palhaços no circo, sabias? Dão-me assim uma espécie de angústia, e nunca acho piada nenhuma ... é assim desde pequena . Nem eu nem o Jorge gostamos de palhaços . 
Falo contigo hoje. Tão tranquila, tão mais tranquila ...
Ronroneias debaixo do edredon, que inveja!!!! Que vontade de me aninhar .... que vontade de não conseguir ver filmes,  enrolada contigo debaixo dum  edredón qualquer . 
Tens voz de mimo, parecias-me confiante, quase feliz ...quase....
Tranquilizo-me comigo, fazia-me falta a minha verdade das mentiras . Hoje sinto-me mais livre, seja lá isso o que for, é como me sinto.
Faço o resto da mala, nem sei o que levar para aquela terra que ninguém te convence a gostar . 
Vou lá ver como é que é ...depois digo-te o que de lá achei ... se calhar viste-a numa cor esbatida ...se calhar . Vou lá ver ! 
O Azeitoninhas espera-me ansioso , não pára de me mandar mensagens aqui no gtalk :  como chego lá; que metro devo apanhar ; etc ,etc . Parece ele que está a falar com uma criança .... parece .... 
Tenho um arrepio no estômago, começo agora a notar algum nervoso . 
Vai correr tudo bem , eu sei que vai . E a tudo me refiro , parto com a esperança de quando voltar, encontrar uma cor muito mais definida por todo o lado, uma cor que nos consiga envolver.
Pode ser uma cor qualquer... desde que viva e definida.
Sou assim, meio  esperançinhas....
Quero levar na mala o mínimo de coisas possível .
Levo-te comigo, mesmo que não caibas em mala nenhuma !!!!

Hoje o dia foi só isto , o dia antes da partida para Paris...o dia depois da verdade das mentiras . 
Mais um dia , só mais um dia . 
E um dia, outro dia... vens comigo a Paris. 
Agora vou lá eu ver como é que é .
Eu vou mas volto, espera por mim.....

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

e se diluísse em água...que perigosamente, poderia escorrer para uma sarjeta qualquer .

o meu dia 5

Hoje começo o dia pelo fim .
Estou deitada na caminha, mudei os lençóis , os lençóis estão fresquinhos e aquecem-me a alma ,  finalmente resolvi escrever já deitada, assim pode ser que o sono me chegue mais depressa.
Ao serão, dediquei.me ao crochet, já cansada de imagens em ecrãns . 
Cansada de ler mails , cansada de falar assim ...sem falar . 
Resolvi ver televisão, e consumi duma forma didática as novelas da TVI, coisa que me elucidou o porquê de tantos comportamentos que vou observando  por aí , aos pontapés ... como exemplo, aprendi numa dessas novelas, que as pessoas escutam atrás das portas , e mentem descaradamente, e para meu espanto, tudo é aceite duma forma perfeitamente normal ... mas isto sim é "corriqueiro". 
Hoje ainda não escrevi em nenhum blogue, nem sei se escreverei . 
Quase que me obriguei a escrever o dia 5, só porque estes dias vão ter sempre continuidade, devem ter!
Em casa, jantei uma comida feita, excelente, que comprei no LIDL, imagina tu as banalidades que te estou para aqui a dizer:). 
Arrumei aqui a mini-casa, que ao ser como  mini, não leva nem meia hora a limpar tudo . Enorme vantagem das mini casas!!
Pensei que te espero amanhã.
Estou espectante...não sei porquê , mas talvez porque já há muito tempo que não nos vemos.
Tranquilamente, fazendo crochet, aquelas coisas feitas com fios, meio esquisitas, que me vão saindo das mãos quase sem eu perceber o que são.
Pensei em ti...pensei na tua filha, pensei... nos nossos maravilhosos "sacos de batatas"...:) 
Descontrai-me muito dar ali à agulha sem dar cavaco a ninguém ..., e há tanto tempo que não o fazia ...invento com os fios , entrelaço-os e se me apetecer desmancho tudo o que fiz. è um "poder" meu
Espero-te amanhã , o meu coração tem  movimentos parecidos com um "susto" bom, não sei como te explicar melhor. 
Pensei no que me disseste da tua filha, e revivi , alturas em que eu estava longe e o Azeitoninhas precisava de mim..não é fácil ... a grande vontade que temos é tomar para nós as dores dos nossos "sacos de batatas", não podemos...e ainda bem que não; nem deveríamos , mesmo que o pudéssemos fazer  ( que sensato... e que ...angustiante) 
E volto a pensar em angústias...em sensatez 
Sabes meu amor, há alturas que eles, de nós precisam de tudo menos de "sensatez", porque a "sensatez" é chata, e não lhes resolve os problemas ( tu lembraste quando tínhamos a idade deles, só te podes lembrar!!!!... :) ) 
Ao chegar a casa, mando-te uma mensagem  com o coração aberto, não foi uma simples mensagem de conforto, não foi uma mensagem para constar. Foi exactamente aquilo que senti, e quero que saibas que comigo podes contar.... porque tu meu amor , não és "sozinho no mundo", e quando vieres viver outra vez, virás com o "pacote todo", nem poderia ser de outra forma :) . Por isso , e porque existes num todo, é o teu "todo" que quero ...assim tu me queiras a mim... e o queiras partilhar comigo ... 
Sinto-me mais cautelosa no meu entusiasmo, talvez porque sinta que igualmente acautelas o teu.
Pode ser normal ..pode ser... 
A cautela , dadas as circustâncias, não é mais que um reflexo de protecção :)
Mas recordo o que me dizias ...não faz muito tempo ( nem podia) :
--- Agora eu tenho a certeza do que quero---- 
resumia-se a isto mesmo . A tua certeza de quereres partilhar tudo comigo, a tua certeza de sentimentos , a certeza que me amas ... 
Sinto .... que "abrandas" o escorrer do sentir , não faço juizos de valor, até porque tudo foi muito intenso. 
Eu faço filmes Quim , eu sou assim...faço filmes, e depois  começo a inventar como "realizadora" inexperiente, daquelas que realizam tudo de repente e não concebem, que um filme bem feito pode durar anos a fazer , como aquele que eu gosto tanto....aquele chinês ... e que levou anos e anos a fazer :) um dia , se deus quiser ainda o vamos ver os dois , um ao lado do outro . Nesse filme todos os detalhes são pensados milhentas vezes. A história é só uma história de amor de que tem medo de amar , é tão simples quanto isso ...mas o filme é fantástico e triste .. para mim é belo , compassado e triste ... 
Preocupo-me com o que te preocupa, e sinto-me mais uma vez impotente ... que estranho, que raro... 
Quero ajudar-te a pensar , mesmo que tu "aches que vais pensar tudo bem" , e que não precisas de "ajuda, que consegues resolver tudo , enchendo o teu "cabide" de casacos pesados, de medos , angústias, frustrações e fracassos dos outros. No fundo um cabide carregado do "gosto dos outros" . E como estás magrinho podes partir-te ao meio...e depois , simplesmente não seguras mais ninguém :( , e eu terei que procurar as tuas peças todas no meio do chão .
Quando te falei e falo em amor, e naquilo que mais o traduz.  Falo-te em partilha , em alegrias, choros e preocupação ... em tolerância, em aceitação ...em tudo ! O amor, ou lá o que isto é ... engloba tudo isso . Senão não é nada disto, nem nome tem !
Quero que se algum dia o Azeitoninhas "gritar"por mim..tu sejas o primeiro a empurrar-me para ir ter com ele, tu sejas o primeiro a correr atrás de mim , para não me deixares ir sozinha . 
Nem  sei onde vou buscar estes ideais de amor e companheirismo ( mas que raio de livros é que eu li????...e quem é que me ensinou a querer levar a vida desta maneira:) ) . 
Estou aqui sabes...não te esqueças que estou aqui.
E se é verdade tudo aquilo que queremos , nunca te esqueças que eu estou sempre aqui , ali acolá , mas estou contigo. 
Ansiando o dia que me possas "irritar" ao pé de mim :)
E hoje, este dia 5 , este dia de  hoje ....não relata quase nada , das pequenas coisas que fui fazendo, coisas sem nenhuma importância. 
Hoje durante todo o dia, pensei como estarias , pensei como te poderia ajudar a pensar,  pensei na Marga , mais uma vez com um enorme carinho e com vontade de a abraçar ....
À parte disso tudo !! ...nada mais fiz de especial 
Meu amor , não quero tristeza na tua chegada ao pé de mim, e quero ... que confies ... que queiras que eu te queira 
Quero que partilhes comigo...tudo o que te vai no coração , quero que digas mal (se te apetecer de quem tiveres que dizer ,quero que te irrites e digas palavrões , se te apetecer soltar a angústia, essa que deves estar a passar agora ) 
Sabes, eu ... não querendo fazer o papel de "desgraçadinha infeliz".  Porque tudo o que vivi foi escolha minha, e só minha. Quando um dia ,precisei que alguém me abraçasse, quando o Azeitoninhas, se auto muitilava de tanta angústia.... não estava ninguém ao meu lado, só um ser humano que sugava a minha atenção. Em lugar de abraços..tive fuga! indiferença! e outras coisas do género. E  sozinha , completamente sozinha,  fui  forte e "sensata"... e não deixei  que aquele fantástico rapaz , inteligentíssimo , sensível ...tímido , introvertido , generoso e com uma capacidade de amar igual à  da mãe ....estragasse a sua vida toda, e se diluísse em água...que perigosamente, poderia escorrer para uma sarjeta qualquer . 
Podemos falar de tudo isto ...que já passou :) , e imperativamente , da tua filha ...que começou a ficar sem chão, pelo que percebi nas tuas palavras a mil :)
Amo-te , conta comigo se assim o quiseres . 
Eu acredito que ainda queiras .... 

Hoje o dia ...foi a pensar em todos nós , que para mim...já somos uma família 

e recordo o filme ...  :)